domingo, 13 de março de 2011

Geração de ouro?

Mais uma vez, peço desculpas pela demora em postar. Ainda não arrumei meu notebook, o que significa uma conexão mais instável no PC, e estou em período de provas na faculdade (sim, sou universitário).

Faz umas três semanas que tenho pensado em falar sobre o assunto, pelo que tem ocorrido com os jogadores envolvidos. Para isso, faremos uma viagem a um passado não muito distante.

O ano era 2007, e o Coritiba estava na Série B do Campeonato Brasileiro. Pela primeira vez em muito tempo, a apaixonada torcida Coxa Branca contava com um time forte, capaz de conduzir a equipe de volta à elite nacional, além de apresentar um bom desempenho no ano seguinte.
Na espinha dorsal do time, encontravam-se muitos garotos promissores, capazes de decidir as partidas em apenas um lance. Eram eles: o zagueiro Henrique, de 21 anos, o meia Pedro Ken, de 20 anos, Marlos, meia-atacante de 19 anos, e a cereja do bolo, o principal destaque: o centroavante Keirrison, de apenas 18 anos (completaria 19 em 3 de dezembro daquele ano, após o torneio). Naquele time, ainda jogavam o zagueiro Jeci e o volante Carlinhos Paraíba, este hoje no São Paulo. O time era dirigido por Renê Simões, e foi campeão da Série B de 2007.
Num raro caso de planejamento, o Coritiba manteve o elenco para a temporada de 2008, perdendo apenas o zagueiro Henrique, negociado com a Traffic e repassado ao Palmeiras. Começou o ano ganhando o Campeonato Paranaense, com mais um show da garotada. No Brasileirão, uma campanha excelente para um clube que acabara de voltar pra elite: 9º lugar, com um ponto a menos que o Inter, 5º colocado, além da artilharia de Keirrison, ao lado de Kléber Pereira e Washington, com 21 gols. Keirrison, aliás, nessa temporada, foi o maior artilheiro do Brasil. Nessa campanha, destaca-se, principalmente, a goleada de 5x1 sobre o Santos, com um show do matador.
Em 2009, como era de se esperar, o time se desfez: K9 foi para o Palmeiras, da mesma forma que Henrique havia feito um ano antes, com ajuda da parceira Traffic, e Marlos, após disputa judicial, foi para o São Paulo, no meio do ano. Ficou apenas o maestro Pedro Ken, que havia machucado o joelho, e sairia um ano mais tarde, em 2010, para o Cruzeiro.

Na capital paulista, a dupla palmeirense brilhou no Estadual. Voltando um ano no tempo, em 2008, Henrique foi um dos principais jogadores do título estadual de sua equipe e, apenas cinco meses após ser contratado, foi vendido para o Barcelona por €10 milhões. Já o centroavante, em 2009, foi destaque da equipe no torneio, vencido de forma invicta pelo arquirrival Corinthians. Foi vice-artilheiro do torneio, com 13 gols, e teve o melhor início de um atacante com a camisa alviverde na história, com 16 gols em 14 jogos, média 1,33 por partida. Assim como seu ex-colega de Coritiba, foi, após 5 meses, negociado com o clube catalão, quando teve uma confusão com Vanderlei Luxemburgo, que acabou culminando com a demissão do treinador.
Marlos, por sua vez, chegou como um potencial camisa 10, apesar de nunca ter jogado como armador na capital paranaense. Tratava-se de um meia-atacante muito veloz, que infernizava defesas com seus dribles. Após altos e baixos, e a insistência de treinadores em tratá-lo como um articulador de jogadas, conseguiu se firmar, sendo titular do clube entre 2009 e 2010.
Pedro Ken, o jogador que ficou mais tempo no Coxa Branca, foi para o Cruzeiro em 2010, mas não conseguiu se firmar. Contusões e a concorrência do rodado Roger e de Walter Montillo fizeram com que o meia fosse preterido por Cuca.

Ao que parece, a história, até então, foi boa para quase todos os jogadores, menos para o articulador. Porém, quase quatro anos após o título da Série B, podemos ver a carreira dos jogadores de forma diferente.

Henrique, o jogador que "se deu melhor", nunca chegou a atuar pela equipe profissional do Barcelona em partidas oficiais. Após sua chegada, na temporada 2008/09, foi emprestado para o Leverkusen, onde se destacou e recebeu uma convocação pra Seleção Brasileira, então treinada por Dunga. Foi sua única partida com a Amarelinha. Na temporada seguinte, o treinador Pep Guardiola ameaçou utilizar o jogador, mas ele acabou sendo emprestado para o Racing Santander, apresentando um bom rendimento. Isso não foi o suficiente para convencer o treinador catalão a utilizá-lo, e, na presente temporada, foi emprestado novamente ao clube de Santander. Lá, é titular, ocupando a vaga deixada por Garay, negociado com o Real Madrid, e um dos principais destaques. Em 2010, foi convocado por Mano Menezes para a Seleção principal, mas não atuou. Hoje, a impressão que se tem é que sua carreira não engrenou como o esperado, permanecendo em clubes menores da Espanha.

Keirrison, talvez o mais promissor, também foi o que teve a carreira mais decepcionante, proporcionalmente. Para jogador que esperavam que sucedesse Ronaldo com a camisa 9 da Seleção, o K9 nunca conseguiu se firmar após deixar o Brasil. Novamente, assim como Henrique, foi emprestado pelo clube catalão para ganhar experiência, mas, ao invés de ir para a Alemanha, foi para o Benfica. Em Portugal, jogou apenas meia temporada, e não foi sombra do centroavante rápido e oportunista, atuando apenas cinco vezes e não marcando nenhum tento. Na metade da temporada europeia, foi negociado com a Fiorentina. Dessa vez, parecia que a sorte voltaria a sorrir para o atacante, que, logo de cara, marcou um gol contra a Lazio. Porém, não foi muito longe disso, e, em dez partidas, marcou apenas mais um gol. Problemas físicos pareciam atrapalhar a carreira do jogador. Em julho de 2010, então, foi emprestado ao Santos, clube em que marcou 7 gols em dois jogos no Campeonato Brasileiro de 2008, para substituir o recém-negociado André. Continuou mal fisicamente e teve poucas chances, atuando apenas 11 vezes e marcando 3 gols.

Marlos, como dito anteriormente, havia se firmado no Tricolor Paulista, apesar de nunca ser uma unanimidade. Foi afastado algumas vezes e sempre foi taxado como "fominha", por ser muito individualista. Com a ascensão do garoto Lucas, começou a perder espaço na equipe do Morumbi. Na temporada de 2011, com a afirmação de Fernandinho no ataque, ao lado do titular Dagoberto, e com o crescimento contínuo do meia, perdeu espaço novamente. Segue sem se firmar no clube.

Pedro Ken
, como já dito anteriormente, não conseguiu espaço no Cruzeiro. Em 2011, foi negociado com o Atlético Goianiense, para que conseguisse uma boa sequência.
Após tudo isso, analisando os fatos, verificamos que, dessa suposta geração de ouro do Coritiba, nenhum jogador chegou perto do que era esperado. Henrique, que muitos esperavam ser uma certeza na zaga da Seleção, atua num clube pequeno/médio da Espanha e está atrás de jogadores como David Luiz e Thiago Silva na preferência de Mano Menezes. Keirrison, que deveria ser o novo camisa 9 da Seleção, teve apenas uma chance, em um jogo não-oficial contra a Seleção do Brasileirão 2007 e não voltou a ser chamado. Marlos vem cada vez mais perdendo espaço no São Paulo, enquanto Pedro Ken saiu de um clube grande, mas, pelo menos, permanecerá disputando a elite do Campeonato Nacional.

E vocês, o que acham? Será uma geração brilhante perdida, ou ainda dá tempo dos garotos se recuperarem e voltarem a brilhar?

Um comentário:

  1. Muito bom esse post, acerta em cheio no que apaixonados por futebol como nós gostamos!

    O que aconteceu com esses garotos do Coritiba não me surpreende. O que de fato me incomodava era o endeusamento desses jogadores. Falta senso crítico para quem analisa. Claro, são todos jogadores de qualidade, a mídia fez com eles achassem que são mais do que realmente são. Portanto, um pouco de humildade não faz mal.

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